“(...) Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” João 10:10. O que a palavra comunhão significa para você? Quais imagens essa palavra traz à sua mente? Talvez você tenha se lembrado de algum lugar, como um templo ou tenha se recordado de alguma cerimônia ou prática religiosa, como ir à missa ou culto, praticar a caridade, ou até mesmo a própria santa ceia – também conhecida como comunhão. Mas eu quero te propor uma outra abordagem! Que tal se pensarmos na comunhão como uma caminhada? Afinal de contas, todos os dias levantamos da cama e trilhamos um caminho, temos compromissos, projetos, enfrentamos desafios e por vezes frustrações, há encontros e até desencontros. E quem disse que precisamos ir sozinhos? E se convidássemos Alguém pra trilhar conosco cada passo? Alguém para ouvir nossos mais profundos anseios, celebrar nossas vitórias, orientar nossas escolhas, dividir as cargas pesadas e nos carregar quando for preciso... Alguém que se importa! Tenho certeza que Deus toparia essa caminhada, afinal de contas, nada melhor do que bons quilômetros para desenvolver intimidade. Isso mesmo, intimidade! Quando a Bíblia aborda o tema comunhão, as palavras originalmente utilizadas são “sod” (palavra hebraica utilizada no antigo testamento) e “koinonia” (palavra grega utilizada no novo testamento). A primeira traz a ideia de companheirismo, intimidade, amizade. Já a segunda traz a ideia de parceria, comunhão e comunidade. A ideia central de ambos os termos é aproximação e intimidade. E essa intimidade possui duas dimensões que estão interligadas: (i) vertical: nossa relação com Deus e (ii) horizontal: nossa relação com nosso semelhante. O que se percebe é que ao nos relacionarmos com Deus aprenderemos a nos relacionar melhor com o nosso próximo. Mas você pode me perguntar: o que eu ganho com isso? Eu poderia citar inúmeras razões, mas vou deixar Havard (sim, uma das universidades mais famosas do mundo) responder a sua pergunta! Em 1938 a Universidade de Harvard iniciou um estudo sobre Desenvolvimento Adulto (Study of Adult Development), a pesquisa monitorou 724 homens ao longo de 75 anos. Isso mesmo, 75 anos! O grupo de voluntários para a pesquisa era formado por jovens estudantes de Harvard e jovens moradores de um bairro pobre de Boston - pessoas em condições completamente distintas. O objetivo da pesquisa era descobrir o que nos faz felizes e saudáveis enquanto passamos pela vida. Ao contrário de dinheiro e fama, o estudo concluiu que são os bons relacionamentos que constroem uma boa vida! Robert Waldinger, diretor do Centro de Pesquisas de Harvard de Desenvolvimento Humano, destacou 3 importantes lições que aprendeu com o estudo : 1. As conexões sociais fazem bem para o ser humano e a solidão mata; A pesquisa constatou que pessoas mais conectadas socialmente (família, amigos e comunidade) são mais felizes, mais saudáveis fisicamente e vivem mais que as pessoas que se relacionam menos. Robert relatou que a solidão é tóxica e que dentre os voluntários, aqueles que viviam solitariamente eram menos felizes. Além disso, eles experimentaram um declínio antecipado da saúde na meia-idade e suas funções cerebrais também declinaram mais cedo também. Quando a pesquisa fala em pessoas mais conectadas, o que se espera não é apenas a quantidade, mas a qualidade dessas conexões e isso nos leva à segunda conclusão da pesquisa: 2. A qualidade dos relacionamentos íntimos é um fator importante para nossa saúde e felicidade; Para ser feliz e saudável não basta estar rodeado de pessoas, pois é a qualidade dos relacionamentos que faz a diferença! O estudo concluiu que viver em ambientes conflituosos é danoso à nossa saúde. Robert declarou que bons relacionamentos não são perfeitos, mas estar numa relação segura em que se pode contar com o outro é algo extremamente importante. "Uma relação de qualidade é uma relação em que você se sente seguro, em que você pode ser você mesmo. Claro que nenhum relacionamento é perfeito, mas essas são qualidades que fazem com que a gente floresça ". 3. Bons relacionamentos protegem nosso cérebro. A pesquisa concluiu que bons relacionamentos contribuem para a conservação da memória por mais tempo. Não é incrível?! Que tal utilizar essas dicas para desenvolver o nosso pilar espiritual? Seguem algumas dicas para ajudar você nessa caminhada: 1. Conecte-se com Deus: Separe um tempo no seu dia para falar com Deus. Dizem que “a oração é a respiração da alma”, então, reserve um momento para conversar com Deus como você conversa com um amigo. Fique tranquilo se você se sentir sem assunto no início, pois a intimidade vai aumentar com o passar do tempo. 2. Leia a bíblia: se você ainda não conhece esse livro, sugiro que você comece pelo livro de Provérbios. Esse livro traz lindos conselhos e é conhecido como o livro da sabedoria. 3. Compartilhe com um amigo o que você aprendeu. Sei que o “novo” pode assustar, mas uma vida feliz e saudável é algo que todos nós precisamos experimentar. Certa vez Cristo declarou que Ele veio para que tivéssemos vida abundante (João 10:10), ou seja, uma vida feliz, saudável e plena. E se Ele é a fonte da Vida (João 14:6), precisamos passar tempo com Ele para aprender como viver (isso é comunhão). [1] Palestra de Robert Waldinger: The good life. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=q-7zAkwAOYg&t=216s. [2] Reportagem BBC: O que realmente nos faz felizes? As lições de uma pesquisa de Harvard que há quase oito décadas tenta responder a essa pergunta https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-38075589
2 Comentários
Maria Tereza
29/8/2018 22:56:00
Excelente, parabéns Stefanie
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Weslley
31/8/2018 12:23:24
Interessante. Quanto mais focado no “eu” menos vida; e quanto mais focado no outro (e no Outro) mais vida. Parece que, de fato, eternidade e relacionamentos estão intimamente ligados.
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